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Nova NR-10: qualidade das instalações elétricas
e comprovação da qualificação profissional |
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Conceito de Safety Integrity Level busca a segurança
dos sistemas |
Os técnicos que trabalham em indústrias petroquímicas
têm ouvido falar muito em NR-10 nos últimos meses. É
que o texto da nova versão da norma que regulamenta a segurança
em instalações e serviços em eletricidade, publicada
pelo Ministério do Trabalho em dezembro do ano passado, é
bem claro quanto os termos áreas classificadas e atmosferas
explosivas.
Essa nova edição trouxe uma cobrança maior
das empresas e isso está gerando todo esse comentário
entre os técnicos e engenheiros, comenta Estellito Rangel
Junior, representante brasileiro no TC 31 da International Electrotechnical
Commission IEC.
A nova edição da norma não causará grandes
revoluções nas indústrias até porque
existem prazos de carência de até 24 meses para adaptação.
E as empresas que já atendiam a NR-10 na sua edição
original vão ter poucos pontos a adaptar.
As principais alterações da nova edição
da NR-10 dizem respeito ao treinamento de segurança
que passa a ser obrigatório e com uma carga mínima de
40 horas e a criação de prontuários e
relatórios de inspeções. Além de formação
técnica específica, a norma estabelece a necessidade
de um curso especificamente direcionado à segurança
em eletricidade, além de procedimentos padronizados para intervenção
em instalações.
Com a nova NR-10 temos a exigência de treinamentos específicos
para quem trabalha em atmosferas explosivas, e não apenas um
treinamento técnico em instalações elétricas.
E a indústria terá que ter todos os riscos mapeados,
o que se traduz nas plantas de classificação de áreas
atualizadas, explica Estellito.
A NR-10 exige que as indústrias instaladas no país sigam
as normas técnicas para instalações elétricas
NBR 5418 que trata das instalações elétricas
em atmosferas explosivas e a NBR 5410 que aborda instalações
em baixa tensão.
Para instalação, projeto, manutenção,
reparo, ampliação, têm que ser seguidas as normas
brasileiras vigentes, ou em sua ausência, as normas internacionais.
Caso alguma instalação específica não
seja coberta pela NBR 5418 ou pela NBR 5410, a indústria tem
que recorrer à norma IEC correspondente.
Também compulsória às indústrias instaladas
nos países da União Européia, a legislação
ATEX que abrange especificamente as instalações
com risco de explosão prevê, a partir de julho
de 2006, que as empresas forneçam treinamento para os empregados,
mantenham atualizadas as plantas de classificação de
áreas e realizem periodicamente análise de risco em
relação a seus processos.
A ATEX também ratificou a certificação
compulsória para equipamentos Ex, incluindo critérios
de análise de risco de ignição, em vigor desde
julho de 2003. Todos os equipamentos destinados ao uso em áreas
classificadas nos países de União Européia, mesmo
os que já estavam certificados anteriormente à ATEX,
tiveram que ser re-certificados, para atender aos novos requisitos.
É essa a principal diferença da ATEX em relação
à certificação brasileira para equipamentos Ex.
A análise de risco complementar quanto à possibilidade
de ignição deve ser feita pelo organismo certificador
, como por exemplo a acumulação de carga estática
no equipamento.
Inovações
Todo esse cuidado, na Europa, com as atmosferas explosivas ganhou
ênfase após a explosão da plataforma Piper Alpha,
no Mar do Norte, em 1988 quando 167 pessoas morreram. O acidente
foi resultado da conjunção de não-atendimento
a procedimentos de segurança, falhas na comunicação
e demora na tomada de decisões.
Depois desse evento ocorreram várias mudanças
de normatização. Os requisitos para construção
e instalação em plataformas foram revisados e hoje as
normas são mais restritivas do que naquela época. E
a própria tecnologia dos equipamentos evoluiu consideravelmente,
conta o engenheiro.
Fruto dessa evolução tecnológica, temos hoje
vários sistemas trabalhando com lógica redundante
o que proporciona um nível mais elevado de segurança.
Até mesmo o conceito de Safety Integrity Level
SIL, que é recente, mas demonstra o cuidado que se tem com
a segurança dos sistemas não só da área
de petróleo, mas de toda a área industrial.
Há um certo consenso entre os especialistas que, na averiguação
sobre o risco de formação de atmosferas explosivas,
deve ser verificada a possibilidade de se evitar sua formação
o que quer dizer, analisar a real necessidade da utilização
de um produto inflamável e, se possível, substituí-lo
por outro que não forme uma atmosfera potencialmente explosiva
(que tenha seu ponto de fulgor maior do que a temperatura ambiente
ou de processamento). Porque só é garantido que
não vai vazar o que você não tem, lembra
Estellito.
Também deve ser analisada a possibilidade de inertização
embora não seja possível rebaixar o nível
de oxigênio em ambientes com permanência de pessoas, muitas
vezes é viável inertizar o interior dos equipamentos
de processamento.
Mas em certos processos, não dá para mudar o produto.
Nesse caso, uma alternativa seria trabalhar com uma ventilação
adequada, para que não se forme uma mistura explosiva. E, se
mesmo assim, não for possível impedir a formação
da atmosfera explosiva, a alternativa é evitar as fontes de
ignição, instalando-se equipamentos elétricos
especiais chamados de equipamentos Ex de
forma que, caso haja a formação de uma atmosfera explosiva,
não exista nenhum ponto quente ou centelhamento que possa provocar
uma ignição.
Os equipamentos elétricos Ex atendem às especificações
de um ou mais tipos de proteção normalizado que
se baseiam em várias tecnologias, como eliminação
da atmosfera potencialmente explosiva dentro do equipamento (como
a pressurização ou diluição contínua),
limitação de energia a valores incapazes de inflamar
uma atmosfera potencialmente explosiva (segurança intrínseca),
medidas construtivas que impeçam o aparecimento de fontes de
ignição (segurança aumentada, ou não-acendível),
encapsulamento seguro das prováveis fontes de ignição
(encapsulamento em resina), e os invólucros à prova
de explosão.
O tipo de proteção do equipamento elétrico pode
ser definido a partir da classificação de áreas
com base na probabilidade da ocorrência da mistura de
um combustível em forma de gás, vapor ou poeira, com
o oxigênio regida pela norma IEC 60079-10, ou no caso
do segmento de petróleo, a americana API 500.
Na chamada Zona 0, mistura explosiva é encontrada permanentemente
ou por tempo prolongado. Na Zona 1, a presença da mistura explosiva
é provável durante a operação normal
e quando ocorre, o tempo de permanência pode ser considerável.
Na Zona 2, a da mistura explosiva só é encontrada em
caso de falhas do equipamento de processo e nesse caso, o tempo
de permanência da mistura é curto.
Entre as inovações tecnológicas neste segmento
dos equipamentos Ex, são encontradas desde luminárias
até conectores para uso em atmosferas explosivas.
Novas lanternas já são construídas com leds de
alto brilho com isso, uma lanterna com baixa potência,
mas com bom fluxo luminoso, pode ser utilizada em Zona 1.
Dentre as luminárias, as novidades são os tipos não-centelhante
(Ex nA) e respiração restrita (Ex nR). No conceito
de respiração restrita, o próprio funcionamento
da luminária aquece o ar que está no seu interior e,
graças à um sistema de vedação adequado,
a sobrepressão resultante é suficiente para não
permitir a entrada de uma atmosfera explosiva externa, explica
Estellito.
Uma vantagem desta luminária Ex nR é a classe de temperatura
mais baixa em relação à uma luminária
construída segundo a normalização americana para
Divisão 2 porque a medição de temperatura
é considerada na parte externa, sendo possível, instalar
lâmpadas mais potentes.
Outra novidade são as lâmpadas de indução
construídas sem filamentos. A lâmpada possui
uma mistura de gases em seu interior, e uma fonte de alta freqüência
ioniza esses gases, liberando a luz.
Estas lâmpadas estão sendo usadas em áreas classificadas
de difícil acesso, principalmente em câmaras subterrâneas,
porque eliminam riscos de centelhamento.
Em conexões, a novidade são os conectores Ex-ed (segurança
aumentada com a prova de explosão), que permitem a conexão
de instrumentos no campo, como se fosse uma simples tomada
isso permite trocas sem a preocupação da desenergização
do circuito.
Segurança nos instrumentos
Muitas novidades se colocaram na base tecnológica que
permitiram, entre outras vantagens, aumentar os níveis de energia
nas áreas classificadas e efetuar a calibração
e monitoração on-line. Entre as tendências neste
segmento, encontramos a progressiva harmonização de
normas, a certificação de operadores e os novos requisitos
para certificações de equipamento.
Isso vale também para a segurança intrínseca.
Alguns usos vêm sendo observados com sistemas utilizando sinais
pulsantes com alta freqüência para permitir potências
maiores no circuito.
A IEC tem norma para a utilização de barramento
de campo para áreas classificadas a IEC 60079-27. É
possível usar uma tensão com forma de onda trapezoidal
ou retangular, que permite valores de tensão maiores do que
os utilizados com corrente contínua de amplitude constante,
explica o engenheiro.
O exemplo de Estellito remete a duas vertentes tecnológicas
para áreas classificadas que chamam a atenção:
o Fisco Fieldbus Intrinsically Safe Concept e o Fnico
Fieldbus Nonincendive Concept porque simplificaram o
uso do Fieldbus em áreas classificadas.
No Fieldbus Intrinsicamente Seguro Fisco, a corrente pode assumir
valores maiores, mas o valor eficaz da tensão é diminuído
de forma a não atingir a energia capaz de provocar ignição
na atmosfera presente na área classificada. Este conceito está
de acordo com os padrões internacionais de segurança
intrínseca (EN50020 e IEC 60079-11), onde deve existir uma
única fonte de alimentação ativa por sistema
e todos os nós são passivos.
Já o FNICO traz um conceito similar ao Fisco, mas é
limitado para uso apenas em Zona 2, já que conta com fatores
de segurança menores. |
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