Edição 243 – Novembro de 2002 – Revista Petro & Química
Petrobras reavalia empresas de engenharia
Flávio Bosco
Montagem de instalações para a indústria de óleo e gás está sendo o grande indutor das empresas de engenharia.
A exemplo da campanha que vem desenvolvendo para qualificar tecnicamente seus fornecedores de equipamentos, a Petrobras prepara o lançamento de um Programa de Avaliação e Pré-Qualificação de Empresas Prestadoras de Serviço de Engenharia. “Estamos desenvolvendo um plano de qualificação para essas empresas nacionais e estrangeiras. Enviaremos um questionário para as empresas prestadoras de serviço de engenharia, e, um grupo de técnicos realizará auditorias. O objetivo é ter uma clara visão do cenário”, adianta o diretor da Área de Serviços da Petrobras, Irani Varella.

O programa, baseado em novas regras de desempenho, performance e confiabilidade, será posto em prática no primeiro semestre de 2003, quando deverão ser definidos os itens críticos para o questionário. Uma centena de empresas do segmento deverá ser auditada – quem não atingir as especificações poderá ser retirada do cadastro de da Petrobras.

Como projeto-piloto para esse programa, a Petrobras utilizará o mesmo piloto do Programa de Avaliação que vem sendo realizado com 20 estaleiros – sete nacionais e 13 estrangeiros. “Estamos desenvolvendo também um plano para qualificação de estaleiros. Temos uma grande quantidade de obras que vão utilizar a indústria naval”, conta Varella.

Para o diretor, o objetivo desses programas é ter um cadastro de fornecedores qualificados para a demanda da Petrobras – os critérios servirão, inclusive, para nortear a inscrição de novas empresas no cadastro de fornecedores da companhia. “Estamos fortalecendo nosso cadastro de fornecedores. Isso permite uma análise mais consistente, de quem serão as empresas convidadas para prestar serviços”.

Tendências

Especificar o projeto, e entregar a um “EPCista”. Essa tem sido a tendência internacional no setor de petróleo e gás. “A gerência varia em cada empreendimento, mas vemos uma tendência cada vez maior de especificar o projeto, e darmos aos executores as condições técnicas”, conta o diretor da Petrobras.

Essas variações, segundo Varella, ocorrem dependendo da estratégia, tempo, competitividade, ou capacidade das empresas prestadoras de serviço. “Cada vez mais estamos diminuindo aquela forma fragmentada de fazer, em que somamos todas as partes. Há uma tendência de cada vez mais dar a alguém – nós especificamos o produto e fiscalizamos”.

Outra tendência em que a Petrobras vem imergindo é a adoção de critérios de Meio Ambiente, Segurança e Saúde Ocupacional em suas licitações. “De alguma forma, para ser convidada a empresa tem que ter apresentado um programa de redução de acidentes, ou um indicador que seja considerado razoável. Esse conjunto de questões irá se somar a essa questão da qualificação”.

Dificuldades

Montagem de instalações para a indústria de óleo e gás está sendo o grande indutor das empresas de engenharia – pelos dados da ANP, serão investidos US$ 35 bilhões nos próximos cinco anos. Sem contar com grandes volumes destinados à infra-estrutura, as empresas do setor voltam suas atenções para a construção de plataformas de petróleo, plantas de processamento, dutos e usinas termelétricas.

No setor, todos acreditam na capacidade da indústria brasileira de ganhar a maior parte dos contratos – otimismo que se baseia no moderno parque industrial instalado. Apesar disso, existem alguns obstáculos que precisam ser superados. Para a Abdib, questões tributárias e logísticas dificulta o desenvolvimento do setor.

Uma das reivindicações da entidade junto ao Governo e o BNDES é o financiamento de projetos de engenharia – algo semelhante às agências americana TDA ou à canadense Cida, que reconhecem nas empresas de engenharia agentes para condução de sua política comercial externa. Uma pesquisa realizada pela agência americana aponta um retorno de US$ 37 para cada US$ 1 financiado.

Pela regra vigente no BNDES, os projetos de engenharia isoladamente não se financiam, uma vez que não se vinculam à nenhuma exportação de bens – o argumento de empresários do setor é que um projeto desenvolvido a partir do Brasil agrega pelo menos 40% de produtos nacionais.

A Abdib promete também entregar aos novos ministros do Desenvolvimento e de Minas e Energia, um estudo mostrando que uma plataforma de petróleo pode ter elevado índice de nacionalização, atingindo até 60%, com peças e componentes sendo produzidos no País.

O estudo da Abdib mostra ainda que o País pode avançar tecnologicamente conforme aumente a escala na produção de plataformas.

Já a Abemi propõe a elaboração de um Catálogo Brasileiro de Engenharia, levantando todas as atividades de projeto, construção civil e montagem realizadas por empresas brasileiras no exterior, que pode se constituir em um instrumento de venda para as empresas, e de treinamento dos diplomatas brasileiros.
Ed. 243 - Novembro / 2002
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