Boletins elaborados por técnicos
da Petrobras nos dias 12, 13 e 14 de março indicavam a existência de problemas
nos equipamentos da P–36.
O presidente da Petrobras, Henri Phillipe Reichstul, recebeu nesta quinta-feira
os boletins feitos antes do acidente com a plataforma P-36, indicando
que alguns equipamentos já apresentavam problemas desde o dia 12 e que
ela deveria ser fechada.
Os boletins foram preparados pelo supervisor de produção, Hélio Galvão,
e pelo coordenador da plataforma, Paulo Roberto Viana. Chegaram a ser
encaminhados ao gerente da P-36 em terra, Claronildo de Covas, mas nenhuma
providência teria sido tomada.
Segundo os boletins, havia "pressurização no sistema de vent da plataforma"
e a provável causa seria o entupimento do abafador de chamas. "Estamos
especificando-o para compra. Será necessário parada de produção para substituição
do mesmo, visto estar bem próximo dos queimadores de gás na torre de flare",
dizia o boletim.
Reichstul determinou a criação de uma comissão de sindicância para que
seja feito um relatório especificando os problemas relatados na P-36.
Uma das questões que o presidente da empresa quer esclarecer é o fato
de esses relatórios não terem chegado ao seu conhecimento na quinta-feira
pela manhã, dia 15, logo após o acidente.
Os boletins chegaram a ser veiculados na rede interna de informações online
da Petrobras, mas foram retiradas do sistema para preservar a integridade
das informações.
O diretor de Exploração e Produção da Petrobras, José Coutinho Barbosa,
disse que a Comissão de Sindicância poderá esclarecer se existe ligação
entre os fatos relatados no boletim e o acidente na P–36. Segundo Coutinho,
essa é uma das oito hipóteses que estão sendo trabalhadas pela Petrobras
como a possível causa do acidente.
Veja a nota emitida pela Petrobras:
A Petrobras foi informada na noite de ontem pelo presidente da Federação
Única dos Petroleiros, Maurício Rubem, que ele não estava conseguindo
obter cópias dos boletins diários de operação expedidos antes da explosão
da P36 e que o sistema que permite o acompanhamento on line das operações
da plataforma estava fora do ar. As informações foram prestadas ao gerente
executivo de Recursos Humanos da Petrobras, José Lima Neto.
Nos boletins dos dias 12, 13 e 14 de março, havia informações relevantes
que reproduzimos a seguir: "Vent atmosférico: estamos tendo pressurização
no sistema de vent da plataforma. Provável causa é o entupimento do abafador
de chamas. Estamos especificando-o para compra. Será necessário parada
de produção para substituição do mesmo, visto estar bem próximo dos queimadores
de gás na torre de flare."
Nas primeiras horas da manhã de hoje, José Lima Neto transmitiu essas
informações ao diretor de Exploração & Produção da Petrobras, José Coutinho
Barbosa, que os confirmou com Carlos Eduardo Bellot, gerente geral da
Unidade de Negócios da Bacia de Campos. Em seguida, Coutinho Barbosa relatou
todos estes fatos ao presidente Philippe Reichstul e aos demais diretores
da Petrobras. Bellot explicou que tirara o sistema do ar, após o acidente,
para preservar a integridade das informações. Estas informações já estão
de posse do coordenador da Comissão de Sindicância que apura as causas
do acidente, Carlos Heleno Netto Barbosa. Fazem parte desta Comissão,
além de profissionais da Petrobras, um representante da Coppe/UFRJ e um
da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, eleito pelos trabalhadores.
Todos estes fatos foram comunicados, ainda nesta manhã, por Philippe Reichstul
e José Coutinho Barbosa aos membros da Comissão Externa da Câmara dos
Deputados que investiga as causas do acidente.
A Petrobras espera que a Comissão de Sindicância esclareça se há ligação
entre os fatos relatados no boletim e o acidente na P36. A Petrobras informa,
adicionalmente, que está contratando uma empresa internacional de certificação
para acompanhar os trabalhos da Comissão de Sindicância com absoluta independência.
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